quarta-feira, 29 de abril de 2015

J. Borges




 
    J.Borges. Foto de Francisco Moreira da Costa 

“O melhor gravador popular do Nordeste”, nas palavras do escritor Ariano Suassuna, nasceu no dia 20 de dezembro de 1935, num sítio, na zona rural de Bezerros, cidade da microrregião do Agreste pernambucano. Começou a trabalhar aos 08 anos de idade, na agricultura, com o seu pai, um pouco depois tendo se dedicado ao comércio de colheres de pau, nas feiras livres. Somente aos 23 anos começou a trabalhar com cordel e fazer gravura. Numa de suas entrevistas concedidas ao Jornal do Commércio, ele relata: “Chegava nas cidades, colocava o tripé com os folhetos e abria a mala. Depois comprei um alto-falante. Quem tinha isso era chamado de comelô rico”.


José Francisco Borges dedicou pouco tempo de sua vida aos estudos formais. Abandonou a escola ainda na infância, por determinação da avó, que temia que ele fosse atacado pelo papa-figo nas ruas de Bezerros,  onde nasceu. Com referências como esta sobre o imaginário popular, era praticamente certo que ele, um dia, viesse a explorar esse universo de alguma maneira. E foi exatamente isso que aconteceu.Sem recursos para contratar um ilustrador para os seus primeiros trabalhos, em 1964, além dos cordéis, passou a fazer xilogravuras, entalhando o pinho e imburana, madeiras boas de talha. As xilogravuras passaram a ser confeccionadas em diversos tamanhos e comercializadas entre artistas, colecionadores e marchands. J. Borges reside e mantém seu ateliê às margens da BR 232, na cidade dos papangus, como passou a ser conhecida a cidade do artista, em razão das famosas fantasias utilizados pela população local durante os dias de carnaval.


J. Borges admite que o reconhecimento do seu trabalho pelo escritor Ariano Suassuna impulsionou bastante a sua carreira. O artista tem trabalhos expostos no Museu de Arte Popular de Santa Fé, no México, assim como na Europa e nos Estados Unidos. O escritor uruguaio, falecido recentemente, Eduardo Galeano, teve um dos seus livros ilustrados pelo xilogravurista pernambucano: As palavras ardentes.


O universo de sua inspiração está ligado ao imaginário social do povo nordestino, como o cotidiano do pobre, o cangaço, o amor, os castigos do céu, os mistérios, o messianismo, os milagres, a cachaça, crimes, corrupção, os folguedos populares, a religiosidade, a picardia. Assim como todo artista tem uma obra de sua preferência, a xilogravura que ele mais gosta é "A chegada da prostituta no céu”, de 1976. Apesar do reconhecimento e das homenagens oficiais recebidas, J. Borges sempre foi um cidadão bastante crítico sobre a forma como os artistas são tratados pelo poder público aqui no Brasil. A casa onde hoje reside foi adquirida com o dinheiro de algumas peças encomendadas por um cidadão da alemão. Em sua cidade natal, foi erguido o Memorial J. Borges, com exposição de parte de sua obra e objetos pessoais. 

Como Citar Este Texto:

SILVA, José Luiz Gomes da. J Borges. Pesquisa Escolar do Nordeste. Disponível em http://pesquisaescolardonordeste.blogspot.com acesso em: dia, mês e ano:Ex: 15 de ago.2015.



                                     

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