domingo, 6 de dezembro de 2015

Toré





José Luiz Gomes da Silva

No complexo linguístico indígena, Toré significa dança guerreira. Genericamente, pode ser entendido como uma designação dos cultos de influência afro-indígena, principalmente a nação Jejenagô-Angola. Enquanto nos demais ritos de natureza afro-indígena há um culto às entidades e divindades, no Toré há, fundamentalmente, uma preocupação com a cura de moléstias. As entidades são invocadas com uma finalidade bem definida: promover a cura das enfermidades. 

Assim como a Jurema, o Toré contribui para manter o vínculo unificador da identidade étnica indígena. Constitui-se, na expressão da pesquisadora Clarisse Novais, uma forma de resistência cultural e estratégia de sobrevivência ideológica e econômica. O Toré integra, na realidade, vários aspectos: a consulta às entidades - tarefa delegada ao pajé -, a cura de doenças, o trabalho e a brincadeira, uma vez quem também possui um caráter lúdico.

A pesquisadora Clélia Moreira Pinto descreve, assim, o ritual do Toré, observado numa reserva indígena do Nordeste: o pajé convoca os caboclos através de um instrumento de sopro, em forma de corneta, feito de chifre de bois. Convém esclarecer que, entre os significados do termo Toré, está o de buzina. Os participantes levam nas mãos uma maraca, instrumento feito com cabaças fixadas a um pequeno cabo de madeira que, quando agitada, provoca um grande chocalhar. Quando todos se em volta de um crucifixo, o pajé da início ao ritual, com a saudação a Jesus Cristo, a Deus, a mãe de Deus e a todos os caboclos e encantados. O Toré, dos sábados, ocorre como forma de encontro dos membros do grupo, para brincar, dançar e fazer consultas aos encantados. Não vestimentas especiais, a não ser no momento em que várias grupos indígenas se reúnem. 

O Toré é dançado formando um círculo, da mesma forma como é dançado na gira de jurema. A dança é dirigida pelo pajé, chefe espiritual, misto de sacerdote e médico-feiticeiro. É igualmente o pajé que dita as toantes, seguida pelos puxadores, posicionando-se à frente do círculo, comandando o ritual. Por vezes, a roda se desfaz, assumindo uma forma espiral. Ao lado do pajé, coloca-se o cacique, que também pucha as linhas, dançando de braços dados com o pajé. Todos portam uma maraca, cujo som vai marcando o ritmo que é acompanhado pela batida dos pés. Os passos são marcados por pequenas passadas, um pé à frente, outro atrás, alternando-se. 

Como citar este texto:

SILVA, José Luiz Gomes da. Toré. Pesquisa Escolar do Nordeste. Disponível: http://pesquisaescolardonordeste.blogspot.com. Acesso em: dia, mês e ano. Ex. 20 de set. 2013.


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